terça-feira, 31 de julho de 2012

Deh-Shay, Bah Sah Rah



Trilogias cinematográficas são complexas de se fechar. Nós vamos sempre ter dois outros filmes para nos basear e o último tem de ser maior, melhor e mais catártico. Quando os filmes são baseados em quadrinhos fica ainda mais difícil. Quadrinhos com anos e anos de revistas tem um absurdo de personagens e no último filme tenta-se espremer todos dentro para não esquecer ninguém e para deixar o filme ainda maior. Vimos isso no X-Men 3 e no Homem Aranha 3, onde tínhamos mais personagens, com menos ligações e muitas pontas soltas.

Mas o Batman de Chris Nolan vinha fugindo destes esteriótipos. Vinha. O que o Nolan fez de mais importante com o Batman foi levar ele a sério. Os filmes ficavam distantes dos outros de heróis porque seus personagens pareciam existir, tinham camadas de compreensão, mesmo no mais simples dos filmes, o trabalho no psicológico dos personagens e na expectativa da audiência era o foco.

Chega o terceiro filme, e as dúvidas se acumulam. Cometeria ele os mesmos erros dos outros filmes, tentando fazer o famoso final de novela, onde até quem esta morto aparece? E a escolha dos oponentes do filme: Mulher Gato? Bane? Tudo apontava para um decepcionante final.  Mas o filme tem seus erros e seus acertos. E os acertos são muitos, de verdade. O Batman está destruído após o ultimo filme. Os acontecimentos do filme anterior tem peso aqui, nos personagens e na linha da história. O filme não começa do zero e se re-explica para o telespectador. Você chegou até ali, você merece que a história te leve a sério.

Mas o problema reside em mexer com o Bane. Um personagem criado nos quadrinhos como o anti-Batman, o Batman negativo, mais forte e tão inteligente quanto. Um cara com um proposito e uma missão, que mais uma vez se vê diminuído em um filme. Muito melhor do que a coisa horrível que fizeram em sua aparição anterior (seria impossível piorar aquilo). Se o vilão foi uma escolha infeliz, a quantidade de personagens que voltam a aparecer foi muito acertada. Eles não precisam de explicação, você não precisa nem lembrar, mas eles estão lá. E nisso o filme sai anos luz na frente das outras conclusões de trilogias de quadrinhos.

Enquanto você assiste ao filme, empolgado pela grandiosidade das cenas, pelo ritmo incessante e pelo som que o faz vibrar por dentro (literalmente), tudo parece funcionar. Fica aqui e ali uma dúvida do porquê disso, ou daquilo, mas passa batido. Quando, ao final de tudo, você começa uma conversa, as incongruências saltam aos olhos, e as forçadas de barra (típicas dos filmes de herói destes últimos dois anos) ficam mais evidentes.

Isso diminui o filme? De certa maneira sim. Mas não de maneira errada, simplesmente o coloca no lugar certo dele. É um filme de entretenimento, com uma história mais complexa e com mais profundidade do que o gênero pede, mas ainda assim é um ação/aventura. Não é uma afirmação política, ou o último filme de herói que jamais poderá ser batido. É um filme bom. E isso é mais do que pode se dizer de muito filme hoje em dia.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

New Dawn

O dia não acaba bem, a manhã vem ainda pior. Desencontrado.
O medo, panico e inseguranças surgem mais fortes e parecem que vão ditar o ritmo do dia, quiçá da semana.

Para, respira fundo, não se abate.
As coisas podem estar ruins, mas elas não são ruins.
Só há alegria e felicidade em todo o resto.
Respire.
Não deixe a cabeça vencer esse jogo.
Respire, lembre-se só das coisas boas, dos planos e sorria.


Respire.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

A carta nunca escrita


"Filhinho e Filhinha queridos.
Eu pensei muitas vezes em como ia escrever essa carta para vocês. Não é uma carta fácil, sei que vocês entendem, por isso enrolei, enrolei, enrolei, mas eu falo sobre isso depois. A hora chegou e a separação, agora, não tem mais volta. O que há depois daqui eu não sei e não vou poder contar para vocês se prepararem, como sempre fiz. Essa vai ser minha última viagem, a grande viagem e quem sabe eu tenha algumas respostas que eu tanto procurei em vida.
Vocês sabem que as coisas apertaram muito depois da separação e eu, por mais que tenha buscado, sempre senti que faltava algo, que já não estava mais completa, não rendia meu melhor. Mas o meu melhor sempre foram vocês, a energia, vivacidade e inteligencia de uma, a criatividade, sociabilidade e esperteza do outro. Os meus pequenos. Se não disse mais vezes para vocês enquanto viva, saibam que me orgulho muito da vida que construíram e constroem e que confio em vocês para viverem decentemente, sem corromper o que eu pude ensinar. A vida da muitas voltas e nos prega as piores peças, se não estivermos atentos, acabamos fazendo as coisas que prometemos jamais fazer. E ai não adianta desculpa de ninguém, a única desculpa que você precisa conseguir é de vocês mesmos.
Vocês vão perceber que a vida vai continuar sem mim e que todo mundo vai se acertar. Quem sabe, como eu sempre falei para vocês, a vida até melhore. Não é que esteja me diminuindo, é que na partida, as frases ditas ganham novo peso, uma nova luz. Sei que vocês serão grandes na vida e sei que mais do que isso, serão boas pessoas. Aproveitem tudo que ficou para trás, comam bigodeiras, leiam bons livros, vejam bons filmes, respirem o ar mágico de entre as árvores desse quintal, permitam-se acreditar no impossível e sempre se lembrem de mim com um sorriso na cara e uma boa história para contar.
E amem muito, pois amar é a melhor coisa da vida. Encontrem alguém que mereça este amor e faça de tudo para que eles saibam disso todos os dias. E limpem atrás das orelhas.

Eu sei, enrolei tanto para escrever essa carta, que acabei não escrevendo. Mas meus filhotes, vocês sabem disso, eu não precisava nem dizer.

                                                                                                         Um beijo enorme
                                                                                             Da Mucha que ama muito vocês"

sexta-feira, 13 de julho de 2012

A importância do Jimmy Olsen


Yeah, Lois Lane you don't need no Super Man
Come on downtown and stay with me tonight
I got a pocket full of kryptonite



Quando você é o Homem Aranha, qual o impacto que o Harry Osborn teve em sua vida? E o Jimmy Olsen na do Super Homem? O quanto a amizade  ajuda no crescimento do herói? De muitas maneira, o melhor amigo de um super herói é o lado humano do mesmo. O cara que chama atenção, mesmo quando na verdade só esta saindo chateado achando que não conseguiu passar a real para nosso herói.  Nestes muitos anos de histórias em quadrinhos, muitas vezes o Jimmy, o Harry e tantos outros foram colocados em primeiro plano com histórias contadas sob a sua perspectiva, ou apenas se dando melhor do que o personagem principal em determinados momentos. Não conseguiriam ser o carro chefe das revistas, mas mostraram que tem personalidade e que podem vez ou outra ser o centro das atenções.

Nas nossas vidas a coisa funciona um pouco assim. Você é sempre o personagem principal da revista sobre a sua vida. Será que a gente poderia sentir o impacto que os amigos do personagem principal desta revista tem nas histórias? Eles roubam o show ou fazem uma série de boas sacadas? São alivio cômico ou a voz da experiência?

Em diversas situações em que vivi, vejo que um pouco das minhas decisões foram fundamentadas em conversas ou situações que eu passei com meus amigos. Antes de tomar uma decisão, lá do fundo da mente, vem aquele amigo dizendo o que ele já fez em uma situação parecida: "Puxa, nessa situação eu sempre acabei fazendo tal coisa" ou "todo mundo deveria fazer isso" e pronto, boa parte do trabalho de pensar e escolher já foi feito para você. Afinal, você conhece, gosta e se importa com que estas pessoas dizem. O quanto você percebe disso é muito pouco. Esse impacto dos amigos parece não existir, parece não fazer parte da gente, mas faz, e faz profundamente. 

Se fossemos processar cada decisão que tomamos e ver todos as variáveis e motivações, demoraríamos horas para tomar decisões simples. Para facilitar, nosso cérebro monta uma base de conceitos e informações sobre cada assunto que facilita e dinamiza a tomada de decisões. Quando você escolhe algo, na verdade, seu cérebro já havia escolhido por você milésimos de segundos antes. Só temos a sensação de controle. E o cérebro toma essa decisão baseado nas informações que você coloca lá, experiências, instrução, ou ensinamentos de amigos formam isto da mesma maneira e com a mesma importância. De certa maneira, é um "diga-me com quem tu andas que eu te direi quem és".

E então, ao salvar Metropólis do avião que caia, o Super Homem decidiu sozinho ou a conversa que teve anos antes com o Jimmy Olsen o impulsonou nesse sentido?



terça-feira, 10 de julho de 2012

A última dança

Fecham-se as cortinas



7 anos se passaram desde meu primeiro evento.

Engraçado como essa transição acompanhou também o meu amadurecimento. Eu comecei a fazer eventos como um moleque sem propósito real. Queria ter um dinheirinho para sair de balada sem ter de me importar com mais nada. Meu celular era pré-pago, eu não tinha uma conta no meu nome, uma dor de cabeça. Vivia feliz na casa do meu pai, sem intenção de sair, afinal, ela comportava tranquilamente qualquer número de moradores que ela vier a ter.

Na época, tudo que eu queria era receber no dia, ou o quanto antes para poder sair sempre. Foi um ano importante, no momento certo dele. Mas não deixou saudades. O que eu tinha de viver nele, eu vivi. No ano seguinte é que a coisa começou a engrossar.



Nestes seis anos que eu tive a A+ Eventos, eu passei pelos mais diferentes estágios de compreensão e funcionamento de um evento. O primeiro evento que eu fiz sozinho, achei que dava conta e enfiei os pés pelas mãos. Não tinha idéia que poderia sair tão errado. Fora o cliente insatisfeito, tive um saldo de duas multas de transito! De lá para cá eu melhorei bastante, ainda bem.

Tive com meus dois sócios um momento de freio em crescimento e algumas crises, todas muito bem superadas e passei a levar a empresa sozinho. Cheguei a fazer 30, 40 eventos por mês. Aumentava equipe e conseguia novos clientes.  Fiz eventos dos mais diversos, de lançamento da Porsche na Daslu, a festa de aniversário em buffet infantil. Conheci muita gente, muitos lugares, e interior de coisas que eu jamais veria. A cidade de São Paulo e algumas nas redondezas.



Mas chegou o momento de parar. Muitas noites mal dormidas, muitas dores no corpo, muitos cabelos brancos, brigas, reclamações. Mas ficam apenas as lembranças boas, as risadas, as equipes, as amizades feitas e que marcaram uma fase longa e tão boa da minha vida. Muito obrigado a todos vocês que participaram desta equipe, empresa e época fantástica da minha vida. Que venham novas.

Foi especial fechar a empresa com este bar que eu montei para o casamento da Flavia e do Rafael. Balcão lindo, 12 drinks criados especialmente para o evento, só amigos queridos na equipe e as imagens fenomenais que a Laura, minha namorada linda, fez para o menu(que foi em ipad)e ilustram este post. Isso se chama fechar com chave de ouro. Se a A+ vai continuar nas mãos de outra pessoa, eu não sei. Mas aqui ela fechou sua história comigo e me fez muito bem. Comecei menino, moleque, e estou fechando como homem, que paga suas contas e cuida de sua vida.





quinta-feira, 5 de julho de 2012

O Próximo Passo

"E se quiser saber para onde eu vou"




O medo, por muito tempo foi mal visto pelas pessoas. Ter medo é errado, o corajoso é o cara ser seguido, o exemplo. Recentemente, a psicologia e outros estudiosos do seres humanos e sua psique, encontraram motivos sadios para termos medo e como o medo pode ser bom.

Se por um lado o corajoso é determinado e se aventura, é também o primeiro a se dar mal, dando a chance do medroso viver um pouco mais e aprender a se contorcer para sobreviver a desafios sem se expor. Mas o medo não pode ser paralisante. Ele não pode te impedir de fazer coisas que você quer, não pode impedir de viver sua vida. Dizer que os medos existem para serem enfrentados é o obvio, o chavão. Alguns medos não precisam ser combatidos, mas sim, descobrir uma maneira de se viver igual a todos com eles. Coexistir e não se render.

E isso não é apenas no dia a dia, nas pequenas coisas, mas também nos grandes medos. Você consegue uma fortuna trabalhando muito. Esse dinheiro passa a viver por você, o medo de perdê-lo, de ser roubado, de acordar e não ter mais nada. Ou seu carro novo, a mulher de seus sonhos, o emprego ideal, o campeonato invencível. As coisas que você tem acabam possuindo você. O medo de não ter mais é tão grande que dirigirá seu pensamento sempre. E assim que você entender que se você conquistou uma vez, você conquista de novo sempre, você estará livre. E nesta pequena zona de existência, nesta pequena percepção é que esta a liberdade. Você não precisa e se precisar, será capaz de conseguir tudo de novo.

O medo não pode te paralisar.



Super Mário

“Heard joke once: Man goes to doctor. Says he's depressed. Says life seems harsh and cruel. Says he feels all alone in a threatening world where what lies ahead is vague and uncertain. Doctor says, "Treatment is simple. Great clown Pagliacci is in town tonight. Go and see him. That should pick you up." Man bursts into tears. Says, "But doctor...I am Pagliacci.”




As vezes me sinto um personagem do Alan Moore. Um Manhattan, um Rorschach, um Supremo.


Enquanto parece que eu posso fazer tudo, resolver todos os problemas, sobrando ainda tempo para cuidar da casa, fazer comida, criar piadas, entreter as pessoas, contar histórias e criar teorias. As vezes eu sinto que eu não posso errar, que o que eu fizer vai ser certo, vai ser bom, vai funcionar.
Mas isso não é a verdade. Eu erro. E erro muito. Tenho tantas falhas quanto tenho características positivas. Nessa vasta cabeça, há territórios escuros, dúvidas, inseguranças e terrenos em que só o sombrio floresce.
Aos seus olhos eu posso tudo, e para você eu deixo ver estes pequenos recônditos da minha natureza, as ervas daninhas da minha mente. Everybody. Everybody is a hero, a lover, a fool, a villain. Everybody. Everybody has their story to tell. Claro. E cada um esconde e usa cada uma destas coisas da melhor maneira possível.  Mas aos seus olhos eu seu que posso tudo e com você é assim que eu me sinto. Um Manhattan, um Rorschach, um Supremo.


“None of you understand. I'm not locked up in here with YOU. You're locked up in here with ME.” 

Sonho



Segundo dia consecutivo que sonho com a minha mãe. No primeiro estava indo visitar o apartamento novo dela, muito bonito, com piscina e com um deck que dava para uma lagoa. Era como se ela não tivesse morrido e só tivesse se mudado. Hoje sonhei com ela reaparecendo, na cama da Helo. Aparecia bem jovem e ia envelhecendo muito rápido, e ia vivendo sua vida na mesma velocidade. Em questão de dias já estava 40 anos mais velha, e já havia namorado, sido modelo, passado por diversos lugares, como tirando o tempo perdido.

Não ligo de sonhar com ela, não fico mal. Mas venho me perguntando: por que agora?