segunda-feira, 26 de abril de 2010

-273°C

"Every shadow, no matter how deep is threatened by morning light"
-Izzi Creo



Sem energia.
Sem vontade.
Esperando poder ficar parado, olhar sem vontade para a incrivel tela mágica que troca de imagens sem que eu tenha de me mover. Quem sabe ler. Quem sabe não. Não querendo nenhuma obrigação, nenhuma necessidade de me explicar. Nem um olhar me dizendo que eu estou errado, que eu devia ser mais, fazer mais. Nenhuma voz com um tom de desaprovação. Nada. Um dia, dois, três, mil. Só eu, minha prisão pessoal e nenhuma preocupação.



É fácil deixar a escuridão interior aflorar. É quase como sangue morno que escorre por sobre a ferida. Já não doi mais, já não arde mais. É assim, me deixando levar. "O que você quer?" "Que você não me enxa o saco. Que você não espere nada de mim".



Mas assim se acabam as noites e a nova manhã chega e hora de acordar e fazer tudo que se espera de mim.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Copo meio cheio

"Sorria e o mundo sorri com você. Chore e você chorará sozinho".
- Oh Dae-Su




Dar notícias arrasadoras é uma arte. O tato certo para se falar, o momento, como estar preparado para as mais diferentes reações. A maneira certa de confortar e também de manter a distância. Isso tudo é sempre muito complicado e as pessoas que fazem isso com maestria deveriam sempre ser homenageadas. Mas e quem recebe as notícias? Afinal, depois de dada a notícia, depois de confortada a pessoa da menos pior maneira possível, quem tem de se virar com a dor, com o problema, é quem recebeu a notícia.


O choque de uma notícia ruim nos faz pensar que está tudo acabado, que a vida é sempre ruim com a gente, que não há motivos para continuar se sempre vamos levar na cabeça. "Oh vida, Oh céus, Oh azar". Não é nem se desesperar por pouco, é estar preparado para que as coisas deem certo e elas não darem. O que no geral, se a vida ensina algo por experiência é que as coisas tendem a não dar certo mesmo. A partir dai, temos dois caminhos: Desistir de tudo que se vinha trabalhando, fazendo ou qualquer coisa assim, entrar em depressão e ficar parado ou se levantar e buscar novas saida, fazendo limonada das pedras que lhe foram dadas.

Enquanto quem chora e se desespera tem apoio por algum tempo e depois acabando ficando mais e mais sozinho (novos motivos para chorar e se desesperar), quem se levanta e vai para cima de novo pode nem receber o devido valor de tal atuação, mas sem dúvida tem mais possibilidade de ser aplaudido e de encontrar felicidade. Claro que em ambos os casos há um período de pesar, um momento de introspecção, mas em um este período dura apenas o que deve durar, enquanto no outro isso segue indefinidamente.


segunda-feira, 19 de abril de 2010

Crescer

"Ou você morre um herói, ou vive tempo suficiente para ver a si mesmo se tornar o vilão"
- harvey dent


Alguns dos melhores filmes para qualquer idade são aqueles como camadas de compreensão. Isso é, quando você tem 12 anos, você assiste ao filme, gosta e entende um certo número de coisas, mas o filme parece completo para você. Ai você conversa com seu pai e seu avô sobre o mesmo filme e descobre que eles viram coisas completamente diferentes das que você viu. Para mim, a vida também é assim.

Não quero dizer que acordo no dia seguinte ao meu aniversário e compreendo coisas que jamais havia percebido, mas sim que esse conhecimento, essa compreensão diferenciada se da a partir de momentos de aprendizado, de quebrar a cara, de introspecção. E como reexaminar sua vida em seu leito de morte e lembrar de como encarava a vida antes, quando criança, quando jovem, quando adulto.

Sempre que passo por um momento destes, de analise da minha vida, me pego lembrando do marinho, de mim como 10, 11 anos. O que eu pensava? O que eu queria para minha vida? Quem eu seria? Como trataria as pessoas e mostraria sempre que me importava? Ah! Como era bonzinho esse menino. Como era preocupado em fazer do mundo um lugar melhor para todos e como o dia a dia, os anos, os dívidas, o trabalho, as marcas o mudaram. Muitas e muitas vezes a vida te propcia momentos em que você pode se perder, esquecer quem você é, se deixar levar. Os dias se acumulam e não param de vir, como as chicotadas de um carrasco e quando você consegue parar para respirar é que percebe o quanto passou e o quanto a vida e a realidade está distante daquilo que você se propôs lá atras, quando ainda era um menininho cheio de sonhos e vontades.

Seria interessante se todos pudéssemos levar uma versão minituara nossa da infância, como um pocket mini-me, e que a cada decisão pudéssemos olhar para ele e ver o que ele acharia que deveríamos fazer. Acho que se o meu olhasse para mim hoje estaria decepcionado e sem acreditar na letargia e nas dificuldades que eu me deixo passar. E o seu? Estaria satisfeito?